Se você é um amante de aviação e tem o sonho de pilotar uma aeronave, provavelmente tem interesse em saber mais detalhes sobre um dos momentos mais esperados para um piloto: o momento da descida de um avião.
A seguir, explicamos o passo a passo deste procedimento, apresentado também no vídeo publicado pelo piloto Marcelo Trentini e seu copiloto Gustavo Carletto, onde explicam todo o percurso de descida realizado em um jato Embraer Phenom 100, desde a altitude de 37 mil pés (11.277 metros) até o pouso no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O início da descida a 37 mil pés e com menos 46 graus Celsius
O procedimento de descida de um avião se inicia alguns minutos antes da aproximação com o aeroporto de origem. Neste caso, Trentini inicia o processo na região de Araraquara (SP), cerca de 280 quilômetros da capital paulista.
Neste momento a aeronave está a 37 mil pés de altura, o equivalente a pouco mais de 11km de altura. A temperatura do lado de fora da aeronave é de -46 graus Celsius. Na cabine, pressurizada e climatizada, piloto e copiloto estão de camiseta, em temperatura confortável.
O processo de descida começa com o piloto entrando em contato com o centro Brasília, que organiza os voos nesta região e dá autorização para fazer o pouso no aeroporto solicitado.
São repassadas aos comandantes algumas coordenadas, como restrições de altitude para aproximação, que devem ser respeitadas para evitar que vários aviões utilizem a mesma rota e corram o risco de se chocar no ar.
Para realizar a descida de um avião, o piloto conta com o computador da aeronave, que faz ajustes automáticos na altitude, enquanto o comandante ajusta manualmente a velocidade para uma descida gradativa.
ATIS – Serviço de comunicação com o aeroporto que auxilia na descida
Ao realizar a descida de um avião e se aproximar do aeroporto, a aeronave pode escutar o ATIS (automatic terminal information service – serviço automático de informação terminal).
O ATIS é uma transmissão automática e contínua que pode ser acessada ao iniciar a aproximação em um aeroporto e permite que a tripulação receba informações importantes a respeito daquele aeródromo, como, por exemplo clima, pista em uso, rotas de aproximação disponíveis, indisponibilidade de um determinado auxílio à navegação aérea, uma pista que esteja interditada, o fechamento de uma porção do espaço aéreo ou qualquer informação que possa ser útil aos pilotos.
Aproximação com o aeroporto e diálogo constante com a torre
Durante a descida de um avião, o comandante checa informações importantes, como cálculos de aproximação realizados pelo copiloto. Dentre eles, o VRF (Velocidade de cruzamento de cabeceira), que indica a velocidade que o avião deve estar ao encostar na pista de pouso. Além disso, sabe-se também que nesta velocidade a aeronave precisará de 839 metros de pista seca para realizar a parada por completo.
Ao entrar no espaço aéreo do aeroporto a comunicação é transferida do centro Brasília para a torre de comando.
Comunicação dividida em setores facilita a comunicação com aeronaves
Apesar de ter o espaço aéreo mais movimentado do país, São Paulo tem um dos melhores controles de tráfego, principalmente por conta da divisão da comunicação em setores.
Ao entrar em dado setor do espaço aéreo a comunicação é feita em uma determinada frequência com uma equipe específica.
Isso facilita o controle de tráfego e não congestiona a fonia em uma única frequência de comunicação.
Torre passa informações cruciais para uma descida segura
O controle de tráfego é responsável por passar informações e orientações cruciais para garantir uma descida segura, como, por exemplo, a necessidade de diminuir ou aumentar a velocidade, a fim de acelerar ou atrasar a chegada da aeronave no aeródromo.
Desta forma, é possível garantir a descida segura de todos, além de organizar melhor o fluxo de aviões na pista e, claro, de passageiros e tripulantes nos terminais.
A descida de um avião é o momento mais perigoso
Ao passar pela camada de nuvens mais próxima da superfície, começa um dos momentos mais perigosos de um voo.
Durante a descida de um avião, piloto e copiloto mantém atenção total e, ao atingir menos de 10 mil pés, iniciam a comunicação e o repasse de informações, com o objetivo de realizar ajustes para garantir a estabilidade da aeronave e manter o curso planejado.
Além disso, a torre de controle vai indicado a que altitude a aeronave deve ficar para garantir uma aproximação segura. Enquanto isso, o copiloto realiza os ajustes no computador.
Neste momento as nuvens provocam turbulência e, além disso, o piloto deve estar atento a pássaros, outros aviões e demais problemas que podem acontecer durante a chegada ao solo.
O copiloto faz um checklist com algumas informações que devem ser confirmadas pelo piloto, como, por exemplo, posição dos flaps e velocidade.
Neste momento a interação é feita com diversos termos em inglês, para padronizar a comunicação entre qualquer piloto e copiloto, de qualquer nacionalidade, em qualquer lugar do mundo.
Após realizar os ajustes informados pela torre e confirmar que está tudo ok após a realização do checklist, a aeronave inicia a aproximação com a pista de pouso.
Ao pousar a torre indica qual deve ser a pista de taxiamento e onde deve ser estacionada a aeronave.
Enfim, a tripulação pode desligar os motores e pisar em solo novamente.
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