Uma dúvida comum de mecânicos é se o motor de aviões e carros têm semelhanças na forma como trabalham, se possuem peças parecidas e até mesmo se há diferenças entre ser um mecânico de aeronaves e automóveis.
Claro que os aviões mais modernos e robustos possuem turbinas que trabalham de forma única e mais complexa do que motores à combustão de veículos comuns. Porém, existem muitas semelhanças entre a mecânica básica de um carro e uma aeronave, como vamos ver a seguir.
Semelhanças entre um motor de aviões e carros
Tanto a mecânica de automóveis quanto a de aviões seguem alguns preceitos básicos. Ambas possuem a parte de motorização à propulsão, eletrônica e elétrica. Inclusive, muitos componentes mecânicos e itens presentes em aeronaves, também são encontrados em automóveis.
A mecânica desses dois tipos de máquinas é tão parecida, que é possível usar o motor de um carro para impulsionar o voo de uma pequena aeronave. Foi o que fez um morador de Santa Catarina, que colocou um motor de Fusca dentro de um avião.
O motor de aviões e carros tem funcionamento comandado por pistões. O motor aspira o ar, que se mistura com o combustível através de uma pressurização dos dois, que resulta em uma explosão que movimenta as engrenagens.
O motor de aviões e carros é parecido, principalmente quando comparamos os modelos de veículos mais antigos como Fuscas e Kombis. Eles eram refrigerados a ar, assim como as aeronaves.
Enquanto os modelos mais novos de carros tem refrigeração líquida, os aviões, assim como carros antigos, costumam ter refrigeração através do próprio ar que passa pelas suas hélices. Isso diminui o risco de vazamentos, aproveita um recurso abundante quando o avião está no ar e, claro, diminui o peso da aeronave, algo que é de extrema importância na aviação.
Diferenças entre os dois tipos de motores
Ainda que muitas coisas sejam parecidas, alguns componentes e seu funcionamento acabam tendo diferenças. A seguir separamos alguns exemplos.
Velas
Aqui, uma diferença é que enquanto o motor de um carro possui uma vela de ignição, no motor de avião existe duas velas por cilindro. Isso acontece por conta do sistema de redundância das aeronaves. Praticamente tudo em um avião possui uma redundância pois, caso um componente pare de funcionar, sempre haverá outro para garantir que tudo se mantenha em ordem.
Mais torque e potência em baixas rotações
Outra diferença é que, enquanto um carro possui um motor feito para trabalhar em altas rotações (pelo menos 5000 rpm), o de um avião trabalha com baixas rotações (em torno de 2700 rpm), priorizando a entrega de mais torque e potência.
Inclusive, uma das diferenças entre o motor de aviões e carros é que o da aeronave possui um virabrequim conectado diretamente à hélice. Por este motivo ela trabalha em baixas rotações, afinal a hélice não pode girar mais rápido do que ela pode suportar.
Já nos carros, como o motor funciona com rotações muito altas, é preciso criar mecanismos para diminuir o impacto que essa rotação rápida do virabrequim causaria nos cilindros.
Manutenções de cilindros individuais
Uma das diferenças no motor de aviões e carros é que nas aeronaves é possível fazer a manutenção de cilindros individualmente, enquanto nos automóveis essa peça é um bloco único, o cabeçote, que geralmente trabalha em cima de dois cilindros ao mesmo tempo e não pode ser retirado em partes separadas.
Por ter sempre um sistema de redundância, muitas estruturas do motor de um avião já são pensadas para serem retiradas, consertadas ou trocadas individualmente, sem a necessidade de inutilizar um bloco inteiro.
No caso dos cilindros do motor aeronáutico, por serem separados, é possível fazer o teste de compressão e vazão dos mesmos de forma individual, facilitando e agilizando a manutenção.
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Se gostou do assunto e quiser saber um pouco mais, o vídeo a seguir mostra alguns detalhes e curiosidades sobre o funcionamento do motor de aviões e carros.
Imagino que o baixo peso e torque elevado a baixa rotação dos motores LYCOMING dos anos ’50s, sem turbo, não eletrônicos, de 4 e 6 cilindros, de 3.8-litros, 5.700cc e 8.900cc (O-540) de cilindragem, são ideais para ser convertidos para uso automotivo em uma KOMBI, desde que adequadamente arrefecidos e lubrificados. Isso seria possível? Seria preciso substituir cabeçotes e virabrequim? Essa conversão automotiva é possível? A grande cilindragem de um motor aeronáutico, carburado, refrigerado a ar, excepcionalmente leve, seria o motor ideal para substituir o motor 1.600cc refrigerado a ar da KOMBI.