Viajar pela história dos uniformes de pilotos e comissários nos permite entender um pouco mais sobre como vivia a sociedade em cada época. Cada peça de roupa traduzia um momento do mundo e os costumes de uma geração.

Além disso, os detalhes que compõem cada vestimenta ajudam a criar as significações e a comunicar todas as particularidades de cada profissão. Os uniformes de pilotos e comissários nos contam, através dos seus detalhes, episódios incríveis da aviação e da sociedade.

Os primeiros uniformes de pilotos e comissários

Os aviões despontaram como um meio de transporte na Primeira Guerra Mundial. Depois de ver o que podiam fazer em combate, algumas empresas começaram a pensar em maneiras de utilizar este formidável transporte para levar pessoas de um lugar a outro de forma rápida.

Por este motivo, os pilotos dos primeiros aviões de passageiros não eram muito diferentes dos de combate. Suas vestimentas consistiam em botas de cano longo, calças folgadas, jaquetas e gorros de couro, além do óculos de proteção.

Porém, no começo da década de 30, quando a Pan Am iniciou o transporte de passageiros, se fez necessária uma mudança de imagem. Afinal, quem voaria em uma aeronave onde o piloto parecia estar vestido para ir à guerra? Além disso, voar era algo extremamente elitizado, e por isso, pedia um pouco mais de garbo.

Já que utilizava aviões anfíbios, como o Sikorsky S-38, que eram, em parte, embarcações marítimas, a Pan Am criou uniformes de pilotos e comissários que conotavam maior confiança, inspirados nos impecáveis uniformes de oficiais marítimos.

Os comandantes passaram a se vestir como capitães, com quepes marítimos com adornos na viseira e quatro divisas nas ombreiras e punhos dos paletós. Já os copilotos se vestiam como primeiros-oficiais, sem adornos na viseira e com duas divisas nas ombreiras e punhos dos paletós.

Já as primeiras “aeromoças” seguiam um código de vestimenta muito semelhante ao militar. As roupas eram sempre em tons escuros de verde e azul, com saias abaixo do joelho, camisas e paletós fechados e uma boina semelhante a militar.

A revolução das comissárias

A mudança nos uniformes de pilotos e comissários só começa a acontecer na década de 50 e 60. Mais especificamente nos trajes das “aeromoças”. Enquanto os uniformes dos comandantes mantinham os padrões semelhantes aos dos oficiais marítimos, as comissárias revolucionavam o ramo.

Com o crescimento do mercado e a chegada de jatos comerciais, a aviação passa a ser mais segura e confortável. As mulheres que trabalham nesta profissão precisam transmitir este conforto, além de serem comunicativas e prestativas. Surge a necessidade, então, de torna-las mais elegantes e menos militarizadas.

É nessa época que começam a surgir as primeiras campanhas de companhias aéreas e, portanto, as comissárias que estampavam as revistas ganharam uniformes com cores mais vibrantes e maquiagem marcante.

Na década de 70 a mudança continua e acompanha o estilo “paz e amor” que marcou esta geração. Empresas ocidentais começaram a usar cores vibrantes e estampas psicodélicas e os movimentos sociais e feministas proporcionaram uma maior valorização da profissão. Os uniformes ficam mais curtos, acompanham as curvas femininas e o padrão de beleza das décadas passadas muda. É nessa época que surgem as primeiras mulheres não-caucasianas da aviação, na British Midland Airways.

Nos anos 80 e 90 já notamos modelos que quase nada lembram a aeronáutica. As boinas entram em desuso e dão lugar aos lenços. Os cortes, cores e estilos das roupas passam a variar, assim como os cabelos e maquiagens. Algumas cias aéreas adotam cabelos soltos, outras abusam do xadrez e blazers quadrados e com ombreiras. Cada empresa passa a empregar seu próprio estilo, tanto nos uniformes, quanto na seleção das candidatas, que não são mais obrigadas a seguir um padrão rígido de beleza.

 

O look dos dias atuais

Atualmente as roupas das comissárias variam de acordo com a companhia. A Emirates, por exemplo, possui uma forte identidade nacional e usa um véu preso ao chapeú de suas tripulantes. Na Indonésia, usam kebaya, um vestido longo, típico da região. Cada empresa cria sua personalidade.

Já os uniformes dos pilotos e copilotos continuam perto do padrão criado logo no início. Calças e sapatos sociais, camisas, paletós e um quepe. Além disso, a tripulação conta com adornos que podem indicar suas funções e posições hierárquicas.

Os homens podem acrescentar aos ombros de suas camisas ou paletós uma berimbela, uma faixa com linhas amarelas ou prateadas, que indica sua função. Apesar de não ter uma padronização universal, geralmente as berimbelas de uma listra são designadas aos comissários de voo, as de duas, aos copilotos e as de três e quatro, aos comandantes. Algumas empresas também adotam esses identificadores nas mangas.

Os uniformes de pilotos e comissários contam ainda com um brevê, que fica preso à camisa ou paletó. Este pequeno broche dourado ou prateado usado pela tripulação de cabine tem forma de asa. O usado pelos pilotos, além da asa apresenta uma estrela. E o brevê dos comandantes, tem mais um acréscimo: uma guirlanda em volta da estrela.

Outro adereço presente nos uniformes de pilotos e comissários é a gravata e os lenços. Geralmente o chefe de cabine apresenta um desses adereços com cor ou estilo diferente dos demais, indicando que ele é o encarregado.

Cada item, uma história

Saber mais sobre a história por trás dos uniformes de pilotos e comissários nos permite entender muito mais cada episódio do desenvolvimento da aviação no mundo. Cada símbolo, cada vestimenta, cada adereço possui uma bagagem enorme de significações.

Você, entusiasta da aviação, está convidado a continuar nessa viagem, que está longe de terminar e continuar acompanhando nossos conteúdos. Embarque nessa e decole seu futuro!